A esteatose hepática, também conhecida como fígado gorduroso, é uma condição cada vez mais frequente, associada principalmente à obesidade, resistência à insulina e síndrome metabólica. Embora seja comum em exames de imagem, não deve ser encarada como um achado inofensivo: quando não tratada adequadamente, pode evoluir para formas mais graves, como esteato-hepatite, fibrose e até cirrose hepática.
O endocrinologista desempenha um papel central no manejo da esteatose hepática, pois atua diretamente nas causas metabólicas subjacentes. A principal abordagem terapêutica para a esteatose hepática é a perda de peso gradual, de pelo menos 5% a 10% do peso corporal, o que já é suficiente para reduzir significativamente o acúmulo de gordura no fígado e melhorar os marcadores hepáticos. Para isso, o acompanhamento multidisciplinar é importante, mas a condução clínica e a seleção adequada de estratégias farmacológicas cabem ao endocrinologista.
Modificações no estilo de vida continuam sendo a base do tratamento: dieta com restrição calórica e atividade física regular são fundamentais. No entanto, em muitos casos, apenas essas medidas não são suficientes. É nesse contexto que o endocrinologista avalia a indicação de tratamentos medicamentosos com impacto metabólico. Medicamentos como os análogos de GLP-1 (por exemplo, semaglutida e tirzepatida), inicialmente desenvolvidos para o diabetes tipo 2, têm se mostrado altamente eficazes na redução de peso e na melhora da resistência à insulina — dois fatores diretamente relacionados à esteatose hepática.
Além disso, o endocrinologista é responsável por investigar e tratar condições frequentemente associadas, como hipotireoidismo, dislipidemia e pré-diabetes. O controle rigoroso dessas alterações hormonais e metabólicas é essencial para evitar a progressão da doença hepática.
Por fim, é importante destacar que não existem medicamentos específicos para “limpar o fígado”. O acúmulo de gordura no fígado reflete um desequilíbrio metabólico, e o tratamento deve ser direcionado a corrigir esse desequilíbrio. Com uma abordagem individualizada e foco em mudanças sustentáveis, o endocrinologista pode contribuir de forma decisiva para reverter a esteatose hepática e preservar a saúde hepática a longo prazo.