Sentir-se constantemente cansado, mesmo após uma boa noite de sono, é uma queixa comum nos consultórios médicos. Embora o cansaço possa ser causado por fatores simples, como estresse, má alimentação ou falta de atividade física, ele também pode ter origem hormonal ou estar relacionado a deficiências de vitaminas — duas causas frequentemente negligenciadas.
Do ponto de vista hormonal, distúrbios na tireoide estão entre os principais responsáveis pelo cansaço persistente. O hipotireoidismo, condição em que a tireoide funciona de forma lenta, pode causar fadiga, lentidão no raciocínio, pele seca, queda de cabelo e ganho de peso. Outras alterações hormonais, como insuficiência adrenal (quando as glândulas suprarrenais não produzem adequadamente o cortisol) - mais rara - ou disfunções na produção de testosterona ou estrogênio, também podem causar indisposição generalizada, principalmente quando associadas a alterações de humor, libido e sono.
No entanto, não é apenas o sistema hormonal que pode estar por trás do cansaço crônico. Deficiências nutricionais, especialmente de vitaminas e minerais, também são causas comuns e muitas vezes subdiagnosticadas. A vitamina B12, por exemplo, é fundamental para a produção de energia celular e sua deficiência pode levar à fadiga, formigamentos, cansaço mental e até alterações neurológicas. A vitamina D, além de sua função no metabolismo ósseo, está relacionada ao funcionamento adequado do sistema imunológico e à disposição física. A deficiência dessa vitamina tem sido associada à sensação de fraqueza e dores musculares difusas.
O ferro também merece destaque. A anemia ferropriva, causada pela deficiência de ferro, pode comprometer o transporte de oxigênio no sangue, levando à exaustão física e mental, mesmo em repouso. Outras causas menos frequentes, como deficiência de magnésio ou zinco, também devem ser consideradas, especialmente em pessoas com dietas restritivas.
Por isso, diante de um quadro de cansaço persistente, é fundamental procurar um médico para uma investigação completa. Exames laboratoriais simples podem detectar alterações hormonais ou carências vitamínicas que, uma vez tratadas, podem restaurar significativamente a qualidade de vida do paciente. A automedicação com polivitamínicos sem orientação, além de pouco eficaz, pode mascarar sintomas importantes e atrasar o diagnóstico correto.
Em resumo, o cansaço excessivo pode sim ser hormonal, mas muitas vezes ele é multifatorial. Avaliar o equilíbrio hormonal e os níveis de vitaminas e minerais é essencial para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz.